Sinopse
William Hundert (Kevin Kline) é um professor da St. Benedict's, uma escola preparatória para rapazes muito exclusiva que recebe como alunos a nata da sociedade americana. Lá Hundert dá lições de moral para serem aprendidas, através do estudo de filósofos gregos e romanos. Hundert está apaixonado por falar para os seus alunos que "o caráter de um homem é o seu destino" e se esforça para impressioná-los sobre a importância de uma atitude correta. Repentinamente algo perturba esta rotina com a chegada de Sedgewick Bell (Emile Hirsch), o filho de um influente senador. Sedgewick entra em choque com as posições de Hundert, que questiona a importância daquilo que é ensinado. Mas, apesar desta rebeldia, Hundert considera Sedgewick bem inteligente e acha que pode colocá-lo no caminho certo, chegando mesmo a colocá-lo na final do Senhor Julio Cesar, um concurso sobre Roma Antiga. Mas Sedgewick trai esta confiança arrumando um jeito de trapacear.
Argumentação entregue
O momento do filme que escolho para analisar, é a primeira vez em que o aluno participa do concurso Júlio César e o professor percebe que trapaça.
Achei ético da parte dele não expor o aluno imaturo e mau caráter na frente da turma, porque isso não teria contribuído para uma mudança positiva no seu comportamento.
O professor atendeu a orientação do diretor, que ordenou que o mesmo fingisse não ter percebido que o aluno trapaçava (postura não ética, mas de autoritarismo e pressão política), certamente recordou-se da conversa nem um pouco válida tida com o pai do aluno (repressor, dominador e desonesto) e se desmotivou refletindo sobre o quanto pensou que aquele aluno poderia ter se transformado positivamente.
Acredito que problemas individuais devem ser resolvidos isoladamente. Humilhar um aluno não acredito ser o melhor caminho para a conscientização. Acho que uma conversa franca, a dois, é o primeiro passo para uma longa jornada transformadora.
Mas aí, entra outro drama: a crença no status social, no poderio político-econômico, na corrupção e na impunidade. Sem querer, o professor reforçou-as.
O aluno saiu certo de que o professor não o delatou pelo poder que possuía seu pai e reforçou a crença na força do poder econômico e na falta de voz dos “menos favorecidos” que escravos do sistema acabam em silêncio, por acreditarem que seu relato não fará diferença.
O professor pelo menos buscou garantir que o aluno corrupto não venceria o concurso, o que injustiçaria o competidor que de fato era merecedor do título.
Lamentavelmente os anos se passam, o mau caratismo do aluno somente se aperfeiçoa e para piorar ele opta por seguir a carreira política...certamente vindo em breve a negociar voto político, praticar lavagem de dinheiro e extorquir pessoas.
Esse filme abre uma outra discussão interessante: até que ponto a educação é transformadora? Até que ponto contribuímos no debate genética x meio ambiente na formação do caráter do indivíduo? Qual de fato é a influência da escola frente a formação trazida de casa? O aluno nasce com uma personalidade específica que aflora com a idade, ou nasce um vaso raso que com a convivência familiar e a socialização vai se moldando? É possível através da educação transformar de fato um indivíduo? Alegar que deve haver a disposição inicial do aluno não seria confirmar que a má índole do mesmo impossibilitará a eficiência do trabalho pedagógico?
Se aquele professor tivesse agido de outra forma, será que teria contribuído para a reflexão e conscientização daquele aluno? Acho que não. Ele queria vencer a qualquer preço, tanto que passados 25 anos, buscou alternativas mais modernas e melhor planejadas para garantir sua coroação. Ser delatado e exposto só aumentaria o ódio pelo professor e o desejo de vingança e reparação, porque a sombra do pai, cresceu aprendendo que seus desejos são incontestáveis e seus atos inquestionáveis.
Segundo Roger Masters “Os professores tendem a atribuir a inteligência de seus filhos à natureza e a inteligência de seus alunos à criação”.
Lendo artigos sobre tema, percebe-se que há correntes que acreditam que tanto genes como fatores externos contribuem na formação da personalidade, mas a ciência desconhece as proporções disto. Em contra-partida, há correntes que alegam que todos nascem com as mesmas potencialidades, mas a interação com o meio define a personalidade humana. Logo, vocação e doenças seriam meramente ambientais?
Bem, escolhi o tema do meu PA...
Comentários a parte da argumentação entregue...
Exatamente! Por isso decidi realizar esta postagem. Escolhi o tema do meu PA.
Recordo-me de ter lido no Ensino Médio sobre um menino criado por lobos que agia como eles. Não seria a comprovação da influência do meio na vida do indivíduo?
Isso sem mencionar a tradicional história da águia, de Rubem Alves, que vivia como galinha até descobrir que era livre para voar.
Esse filme mexeu muito comigo. Fiquei refletindo sobre a velha crença, que não abandono, de que a educação é transformadora. Mas fiquei pensando sim: até que ponto?
Mesmo tendo em vista os exemplos dos dedicados colegas e do incontestavelmente idôneo professor (que foi "desmascarado na visão do aluno mediante a aceitação da pressão do poderio do seu pai), o aluno não atingiu o grau de maturidade e moralidade desejado.
Formou-se colecionando vandalismos, desrespeito, incapacidade de compreender a importância de ter uma postura reta e o pior de tud, agindo de maneira corrupta e envolvendo os colegas em muitos momentos de desrespeito às regras instituídas.
Engraçado, não discutirmos sobre isso: a função da genética e do meio na formação da personalidade de nossos alunos. Será por medo? Prepotência? Preconceito? Fuga?
Somos prepotentes como alegava Roger Masters? Avaliamos a origem da inteligência de nossos filhos e de nossos alunos de maneira diferente? Sentimo-nos acima de tudo, num pedestal (ainda?) a ponto de não ser infundada a alegação dele? Não seria um pensamento argumentativo a favor da concepção da genética como responsável pela determinação da personalidade?
Ah, um à parte.
No filme, sem considerar a época que tinha o professor como centro da educação e a metodologia tradicional como formadora, são supervalorizados os conteúdos. Participando da etapa municipal do CONAE, vi uma Dra alegar que temos que tomar cuidado com o deboche aos "contiúdos" para mnão chegarmos num momento em que todo o conhecimento cultural seraá desemerecido e deixado de lado. Questionamos tanto a importância de tudo que temos que tomar o cuidado de não descartar os conhecimentos por completo e acabar ficando sem foco, sem direção e sem assunto. Já diziam os sábios que povo que não conhece a sua história não sabe para onde vai e corre o sério risco de ser facilmente corrompido.
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domingo, 17 de maio de 2009
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Ótima postagem :-)
ResponderExcluirAdoro a forma como escreve.
Como sugestão coloco o seguinte: poderias linkar o sinopse no lugar de colocá-la na postagem. Poderias fazer o mesmo (um link) para sua argumentação entregue. Acredito que desta forma sua postagem ficaria mais enxuta, fácil de ler, não tão longa (opinião pessoal, ok?!)
Beijinhos
Melissa