sábado, 25 de julho de 2009
Entre os muros da escola
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008, o filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau (lançado no Brasil pela Martins Editora), que retrata a experiência de um professor ginasial – ele próprio – às voltas com uma turma que, à primeira vista, não parece muito afim de cooperar. Interpretado também por François, o personagem central da história tem de lidar não só com a falta de interesse dos alunos em sua disciplina mas com as diferenças sociais e o choque entre culturas africana, árabe, asiática e, claro, europeia, dentro das quatro paredes da sala de aula.
Rodado durante sete semanas em um colégio do leste de Paris, “Entre os muros da escola” tem ares de documentário e um elenco todo de não-atores – alunos, professores e pais. Louise é a princesinha da classe; Arthur, o emo de poucas palavras; Souleymane, o garoto marrento que chega às vias de fato com o professor e que, por isso, pode acabar expulso da escola... não fosse a aliança com Khoumba e Esmeralda, as amigas inseparáveis e tagarelas a quem, num momento de irritação, François chama de “vadias” – deslize este que pode acabar com mais uma expulsão: a do professor.
Confesso que fiquei muito aborrecida ao assitir ao filmee como nojo de todos, mas ele é uma reflexão forçada sobre o papel do professor, a importância e sentido do que é abordado em sala de aula, a cada vez mais urgente reflexão so bre a interação professor/ aluno e o papel do educador.
Assistindo ao filme, reparei numa sala de aula em permanente ebulição e um professor tradicional se esmerando em nensinar temas que nem ele mesmo percebe como fundamentais.
Imaginei aquela turma sendo desafiada através de projetos de aprendizagem, onde pesquisaria temas que estão no entorno e fora das muros da escola, longe da realidade do filme, que não ultrapassa os limites dela.
Minha primeira experiência em sala de aula foi assim. Com alunos de boa classe social e alunos que habitavam no lar da LBV ) Legião da Boa Vontade. Alunos que usavam tênis de marca e outros que utlizavam prego no chinelo Havaianas.
Passada a vontade inicial de sair correndo, comecei a desafiar aquelas crianças e oportunizar momentos de atividade coletiva em que os olhos de todos os alunos da escola eram voltados àquela turma e o principal, momentos em que foi primordial a atuação e intervenção dos excluídos que chegavam na escola com um ônibus amarelo quase fluorescente e eram discriminados por todo mundo. Até hoje meus queridos amigos de Gravataí devem afirmar como outrora, que até hoje, aquele foi o meu melhor ano. Acho que aquela foi a minha melhor turma.
Uma 4ª série onde priorizei atividades lúdicas, a construção conjunta e debatida do conhecimento e o uso permanente do visual e do concreto. Amo até hoje cada uma daquelas crianças, sem saber onde estejam. Elas souberam me desafiar e retirar o melhor de mim.
Hoje me lembro com saudade do túnel do terror que criamos na sala e fo a diversão no recreio de toda a escola, que passou a admirar aquelas crianças. Os colegas das outras turmas que olhava com ares discriminatórios para os meus pequeninos e grandes alunos (de crianças a adolescentes que estavam na turma) passaram a admirá-los pela sua criação e criatividade.
Mas como o mundo tem dois pólos, criamos de imediato o túnel da paz, com pinturas abstratas presas em TNT branco e lençóis, acompanhadas de frases de introspecção criadas pela turma. O fim desta jornada era um imenso espelho (empresntado do JNB) que levava à emoção a quem passasse pela turma.
Que grande oportunidade eu tive de conhecer pessoas tão diferentes e desafiadoras e por isso mesmo tão especiais.
Pra encerrar uma confissão que já fiz em psicologia: um aluno no iníco do ano (o mais endiabradinho) foi expulso da escola por colocar percevejos na cadeira de um colega. No fim do ano, um dos que mais amei (da LBV, claro) me confessou: Profe, lembra o lance do percevejo? Fui eu. Mas era brincandeira, não era pra machucar.
Onde andará o expulso/ convidado a se retirar que eu ajudei a discriminar injustamente? Auxiliei mais de 30 naquele ano, mas tavez destrui as esperanças de um... que deve pensar que a sociedade sempre o avaliará com negatividade... isso me dói.
Autismo
Recentemente recebemos o avô de um adolescente autista para oferecer os serviços de um médico especiaista na área em Porto Alegre. Ele diza que ee teve recursos para levar seu neto com muita frequência aos especialistas, mas questionou-nos quantas crianças não são diagnosticadas na rede e padecem peo atendimento ineficiente que necessitam.
Fui buscar umas dicas rápidas de fácil compreensão para diagnóstico:
Evidente que a avaliação deve ser realizada por um profissional da área, mas o primeiro olhar/ diagnóstico é do educador que busca a partir daí, ajuda.
DICAS INICIAIS PARA UM TRABALHO ADEQUADO
1) Muitas pessoas com autismo são pensadores visuais. Logo, longas explicações são inúteis e desnecessáras. A utilização de imagem é a maneira mais adequada de desenvolver a compreensão de conceitos e normas. Lembre-se: Pensam por imagens. NÃO pensam por linguagem.
2) Deve-se evitar séries de instruções verbais longas. Instruções longas devem ser escritas. Eles tem dificudade em formar imagens mentais e memorizar informações pertinentes a sequências.
3) Muitas crianças com autismo são bons desenhistas, artistas e programadores de computador. Veja! Encoraje! Eles tem total condição de ser incluídos e muito bem sucedidos profissionalmente. Auxilie-os a compreender e valorizar suas potencialidades.
4) Muitas crianças autistas têm fixação em um assunto, como trens ou mapas. Faça bom uso disso nas atividades escolares. Será garantia de envolvimento e dedicação.
5) Use métodos visuais concretos para ensinar números e conceitos. Lembra do lance das figuras mentais? Lembra que necessitam do concreto? Abuse de material dourado, cores e material concreto para frações.
6) "Eu tinha a pior letra da minha classe", o que fazer? Dizem os especialistas que como autistas tem dificuldade motora, para não gerar frustração, em alguns casos o melhor é ncentivar a digitação. Lembre-se de que trata-se de inclusão. Incluir o diferente não é tratar igual. Mesmas regras e métodos geram exclusão.
7) O desafio de aprender a ler. Bem, o autista autor destas dicas aprendeu pelo método fonético. Refere-se que cada caso é um caso...
8) O incômodo com sons altos. Fiz questão de trazer a citação do autor na íntegra pela importância do que diz " Quando eu era uma criança, sons altos como o da campainha da escola, feriam os meus ouvidos como uma broca de dentista fere um nervo. Crianças com autismo precisam ser protegidas de sons que ferem seus ouvidos. Os sons que causam os maiores problemas são: campainhas de escola, zumbidos no quadro de pontuação dos ginásios, som de cadeiras se arrastando pelo chão. Em muitos casos a criança estará pronta para tolerar o sino ou zumbido se ele for abafado simplesmente pelo recheio de um tecido, papel ou um tipo de cadarço ou cordão. O arrastar de cadeiras pode ser silenciado com colocação de borrachas de tênis ou carpetes. A criança pode temer uma determinada sala, porque tem medo que de repente possa ser submetida ao agudo do microfone vindo do sistema amplificador. O medo de um som horrível pode causar péssimo comportamento."
9) Algumas pessoas autistas são importunadas por distrações visuais ou luzes fluorescentes. Meus Deus, você sabia que o ideal é ficarem perto de janelas e longe de lâmpadas fluorescentes? Ou que sendo impossível evitá-las, usar as mais novas porque tremem menos, visto que os autistas (alguns) enxergam a centelha do ciclo 60 de eletricidade?
10) Algumas crianças autistas hiperativas serão por vezes acalmadas se elas forem vestidas com um colete com enchimento. Nossa! Que desafio! A pressão da roupa acalma o sistema nervoso...e o ideal é deixá-la por 20 minutos e retirá-la para que o sistema nervoso não se adapte a ela.
11) Interação para melhorar o contato visual e a fala. "Algumas pessoas com autismo em particular, responderão melhor e terão melhorado o contato visual e a fala se o professor interagir com elas enquanto estiverem nadando ou rolando em uma esteira. A introdução sensória pelo balanço ou a pressão de esteira algumas vezes ajuda a melhorar a fala. O balanço pode ser feito como um jogo divertido. Ele NUNCA deve ser forçado."
12) Algumas crianças e adultos podem cantar melhor que falar. Algumas necessitam que o educador fale com suavidade, outras precisam da musicalidade da fala.
13) Algumas crianças e adultos não-verbais podem não processar estímulos visuais e auditivos ao mesmo tempo. Alguns são monocanais. Ou olham ou escutam em um momento.
14) Em crianças não-verbais mais velhas e adultos, o tato é algumas vezes seu senso mais confiável. Que tal entender s rotina através do tato de objetos? Como por exemplo, entender que se aproxima a refeição ao segurar um talher? E que tal aprender letras e números apalpando-os?
Nossa, a inclusão é um grande e verdadeiro desafio! Mas o mais bacana de tudo, é aos poucos ir constatando seus avanços e perfeita aplicabilidade!
Necessidades educacionais especiais
Claro que ninguém é tão despreparado a ponto de praticar um ato estúpido como o registrado na imagem, se bem que a gente vê cada coisa...