Recorte inicial da internet...
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2008, o filme é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau (lançado no Brasil pela Martins Editora), que retrata a experiência de um professor ginasial – ele próprio – às voltas com uma turma que, à primeira vista, não parece muito afim de cooperar. Interpretado também por François, o personagem central da história tem de lidar não só com a falta de interesse dos alunos em sua disciplina mas com as diferenças sociais e o choque entre culturas africana, árabe, asiática e, claro, europeia, dentro das quatro paredes da sala de aula.
Rodado durante sete semanas em um colégio do leste de Paris, “Entre os muros da escola” tem ares de documentário e um elenco todo de não-atores – alunos, professores e pais. Louise é a princesinha da classe; Arthur, o emo de poucas palavras; Souleymane, o garoto marrento que chega às vias de fato com o professor e que, por isso, pode acabar expulso da escola... não fosse a aliança com Khoumba e Esmeralda, as amigas inseparáveis e tagarelas a quem, num momento de irritação, François chama de “vadias” – deslize este que pode acabar com mais uma expulsão: a do professor.
Confesso que fiquei muito aborrecida ao assitir ao filmee como nojo de todos, mas ele é uma reflexão forçada sobre o papel do professor, a importância e sentido do que é abordado em sala de aula, a cada vez mais urgente reflexão so bre a interação professor/ aluno e o papel do educador.
Assistindo ao filme, reparei numa sala de aula em permanente ebulição e um professor tradicional se esmerando em nensinar temas que nem ele mesmo percebe como fundamentais.
Imaginei aquela turma sendo desafiada através de projetos de aprendizagem, onde pesquisaria temas que estão no entorno e fora das muros da escola, longe da realidade do filme, que não ultrapassa os limites dela.
Minha primeira experiência em sala de aula foi assim. Com alunos de boa classe social e alunos que habitavam no lar da LBV ) Legião da Boa Vontade. Alunos que usavam tênis de marca e outros que utlizavam prego no chinelo Havaianas.
Passada a vontade inicial de sair correndo, comecei a desafiar aquelas crianças e oportunizar momentos de atividade coletiva em que os olhos de todos os alunos da escola eram voltados àquela turma e o principal, momentos em que foi primordial a atuação e intervenção dos excluídos que chegavam na escola com um ônibus amarelo quase fluorescente e eram discriminados por todo mundo. Até hoje meus queridos amigos de Gravataí devem afirmar como outrora, que até hoje, aquele foi o meu melhor ano. Acho que aquela foi a minha melhor turma.
Uma 4ª série onde priorizei atividades lúdicas, a construção conjunta e debatida do conhecimento e o uso permanente do visual e do concreto. Amo até hoje cada uma daquelas crianças, sem saber onde estejam. Elas souberam me desafiar e retirar o melhor de mim.
Hoje me lembro com saudade do túnel do terror que criamos na sala e fo a diversão no recreio de toda a escola, que passou a admirar aquelas crianças. Os colegas das outras turmas que olhava com ares discriminatórios para os meus pequeninos e grandes alunos (de crianças a adolescentes que estavam na turma) passaram a admirá-los pela sua criação e criatividade.
Mas como o mundo tem dois pólos, criamos de imediato o túnel da paz, com pinturas abstratas presas em TNT branco e lençóis, acompanhadas de frases de introspecção criadas pela turma. O fim desta jornada era um imenso espelho (empresntado do JNB) que levava à emoção a quem passasse pela turma.
Que grande oportunidade eu tive de conhecer pessoas tão diferentes e desafiadoras e por isso mesmo tão especiais.
Pra encerrar uma confissão que já fiz em psicologia: um aluno no iníco do ano (o mais endiabradinho) foi expulso da escola por colocar percevejos na cadeira de um colega. No fim do ano, um dos que mais amei (da LBV, claro) me confessou: Profe, lembra o lance do percevejo? Fui eu. Mas era brincandeira, não era pra machucar.
Onde andará o expulso/ convidado a se retirar que eu ajudei a discriminar injustamente? Auxiliei mais de 30 naquele ano, mas tavez destrui as esperanças de um... que deve pensar que a sociedade sempre o avaliará com negatividade... isso me dói.
sábado, 25 de julho de 2009
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