Penso que o ponto chave da educação deveria ser a avaliação.
Se o aluno compreendesse a importância de se avaliar, receberia um grande ensinamento que contribuiria para a qualificação da sua capacitação profissional, visto que estaria aberto a críticas e à descoberta de suas fraquezas e dedicado à busca por melhoria.
De outro lado, em suas relações interpessoais tornar-se-ia uma pessoa mais acessível, mais tolerante e de fácil convivência. Passaria a reconhecer inicialmente as suas próprias falhas e não estufaria o peito apontando os erros alheios, como estamos habituados a proceder.
Hoje ainda vemos o critério quantitativo supervalorizado nas escolas.Ainda distribuímos o conhecimento em tabelas (que não são de acompanhamento) e ainda percebemos educadores distribuindo a seu critério o valor que julgam que deve ser atribuído a cada item.
Ainda vemos professores incitando a competição entre alunos, marcando seu veredito final com o vermelho do sangue, da vida, da morte. Ainda vemos (e muito) formas tradicionais de avaliação. Ainda encontramos sessões tortura de prova surpresa. Ainda vemos provas com hora marcada que desconsideram as questões física e psicológicas das crianças, como se fossem mecanicamente acionadas e controladas para estar aptas a cada momento proposto segundo o desejo do educador.
Já passei pela experiência de gabaritar um teste (que por azar, era um teste tradicional, utilizado anualmente pela educadora no mesmo formato, o qual meus colegas conseguiram as respostas com os alunos dos anos anteriores) e zerar uma prova sobre o mesmo tema, que a professora fez nova desta vez e aplicou depois de uma missa punindo os infratores e a turma inteira. Nunca me esqueço daquele dia, nem daquela professora. Fui humilhada e colocada na panela dos que colaram. Eu tinha culpa que no dia da prova que ela marcou para ferrar (literalmente ferrar) e se vingar dos alunos que colaram meu irmão estava sendo operado? Tenho culpa dela não ser comprometida e usar por anos (anos!) exatamente a mesma (mesmíssima) prova? Tenho culpa de que nos míseros segundos que ela me proporcionou para mostrar (aliás, provar) mais uma vez que tinha atingido as metas eu estava desesperada pensando se meu irmão estaria vivo no dia seguinte? Acho que até hoje ela pensa que eu colei naquele teste estúpido que ela não se deu o trabalho de elaborar.
Revolta com incompetência a parte, penso que a avaliação deve ocorrer de maneira permanente e séria. Penso que o educador deve realizar registros diários acerca das dificuldades, limites e avanços do aluno. Isso contribuirá para o enriquecimento do trabalho do professor, visto que ele terá precisão sobre os pontos que deve priorizar com cada criança e proporcionará a cada criança um monitoramento efetivoe qualificado.
Em contrapartida, a criança pode participar deste processo, afirmando quando sente-se segura acerca de cada item. Pode ser feito como na Escola da Ponte, uma tabela onde a própria criança registra seus avanços. Eu construía tabelas onde utilizava as marcas +, - ou +/- para registrar os conhecimentos de cada criança e assim me sentia mais preparada e segura para atendê-los e avalia-los.
E na hora da entrega de boletins, onde muitos educadores ainda atentam-se a observações gerais e ao relato de pequenos episódios isolados, onde eles mesmos não tiveram o “controle” da turma, dedicava-me a analisar registros de conceitos com os pais, demonstrando o que foi A (atingido plenamente), PA (parcialmente atingido) ou NA (não atingido). E aliás, o que era NA voltava à vida daquela criança após a entrega dos boletins para que sendo oportunizado o acesso, ela tivesse mais alternativas para amadurecer aqueles conhecimentos. Pedra só se coloca em cima do que não é relevante ou deve ser esquecido...logo, pedra se coloca em cima do que não se precisa ensinar.
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