Eis que o mais odiado de todos, o projeto de aprendizagem, na minha opinião, foi a maior sacada da graduação.
Talvez tenha sido o instrumento mais rico ao qual tivemos acesso.
Na era do conhecimento, não bastam diplomas, não bastam apadrinhamentos. É necessário que se tenha a informação. Aliás, há quem entre risos alega que é preciso saber quem tem a informação ou ter dinheiro para compra-la. Eu penso que vivemos na era onde as pessoas precisam saber como, onde e quando podem conseguir a informação e o projeto de aprendizagem auxilia neste processo.
Saímos da era da obediência inflexível e irrefletida, para a era do multiprofissionalismo. Ainda não investe-se em profissionais peritos. Digo, investe-se, mas prioriza-se aqueles que possuem maior número de habilidades.
Segundo Freire, a educação tradicional chamava-se educação bancária. O educador agia como se abrisse a cabeça do aluno e jogasse diversas informações na mesma, não preocupando-se como se dava o processo interno de interiorização desses dados. Aliás, o processo não se dava. Eu discordo em parte. Penso que o conhecimento não era injetado na cabeça, ele era atirado no colo do aluno e de maneira desesperadora este deveria decora-lo. Confesso que fiz muito disto. Há coisas que decorei, que levei anos para entender o que significavam. Há coisas que até hoje questiono a importância.
Pára tudo, que estamos no bonde errado. Olhemos pra frente.
Eis que sem saber, eu havia iniciado um PA. Logo no início do curso da UFRGS, quando não havíamos ouvido falar deste bicho de sete cabeças, percebi que meus alunos de turma de alfabetização possuíam fascínio por animais. Resolvi fazer um levantamento individual sobre os conhecimentos, dúvidas e curiosidades. Cada criança listou primeiramente “Tudo o que eu sei sobre os animais”. Desenharam. Scaneamos e iniciamos um blog. Não corrigi. À medida que fôssemos avançando na alfabetização, cada criança iria alterando suas postagens e reeditando sua escrita. Iríamos também pesquisar e ir registrando nossas descobertas confirmando ou negando conhecimentos que eles possuíam acerca do tema. Eu e eles estávamos empolgadíssimos! Eu soube até (e fiquei toda boba) que este trabalho foi mostrado na UFRGS. Mas... eu não consegui dar continuidade. Bem neste momento fui convidada a vir trabalhar na SMED e como a oportunidade era muito boa, eu aceitei e abandonei temporariamente as salas de aula.
Mas voltando a falar de PA. Como professora eu estava amando. Como aluna, eu inicialmente detestei. Achei extremamente difícil reduzir o leque da pesquisa. Eu não havia feito isso com as crianças. Note que partiu do que cada um sabia dos animais e a pesquisa não se reduziu a uma caminho ou a resposta de uma questão única. Confesso que naquela época, apesar do desejo intenso de desenvolver o projeto, estava preocupada com o direcionamento. Mas também confesso, que a preocupação maior era inseri-los na comunidade internauta e auxilia-los a irem crescendo no processo de alfabetização, através da construção permanente de registros.
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