Eu acho a alfabetização o máximo!
Acho formidável acompanhar a criança avançando os degrauzinhos da escrita e ir elaborando as suas teorias para criação da escrita.
É mágico perceber que uma hora elas enchem de símbolos, letras e números uma linha para escrever o nome de coisas grandes e outra hora já estão pensando atentamente a sonorização da sua grafia para completar a palavra de maneira correta.
Vamos relembrar cada fase:
· Pré-Silábica: ainda não entende que a escrita representa sons. Utiliza-se desenhos e sinais. Algumas, após desenharem o objeto chegam a afirmar “Eu escrevi... (tal coisa)”. É importante nesta fase destacar as diferenças entre desenhar e escrever. É muito bom trabalhar com a letra inicial e final das palavras, manusear livros, letras soltas, brincar com a escrita. É importante não pressionar a criança e garantir que ela não se sinta pressionada. A criança, apesar de elaborar as suas hipóteses, percebe que as suas crenças são distantes da firmeza dos colegas silábicos e alfabéticos e sente-se insegura e incomodada nesta fase.
· Silábica: quando compreende que a sílaba é um pedacinho da palavra, a criança passa a representar a escrita utilizando uma letra para cada sílaba.Algumas vezes, a letra utilizada para registrar a sílaba nem tem relação fonética com a palavra. Para mim, esta é a fase mais bonita e encantadora e eu a subdividia em duas: 1 – quando reconhece apenas o número de sílabas. 2 – quando já utiliza na escrita as letras da palavra. Exemplo: AM (bola – S1) BA (bola – S2). Penso que nesta fase o atendimento individualizado pelo professor, repensando com o aluno a escrita do mesmo e reelaborando-a seja o caminho para a mudança de etapa. Dar acesso a sílabas para a construção de novas palavras através da junção das mesmas. Escrever coletivamente.
· Alfabética: possui a noção de que a palavra é formada por sílabas e que as sílabas formam-se a partir da junção de fonemas. Mas é muito comum ter dificuldades ortográficas ou não redigir letras como R em final de sílaba/ final de palavra.
Penso que o processo de alfabetização conceitua-se como uma reconstrução permanente. Penso que o educador deve estar permanentemente motivando seus alunos, atendendo-os pacienciosamente, ajudando-os a pensarem sua escrita, a lerem e reescreverem seus registros. Sou a favor do reconhecimento inicial, por etapas, da sonoridade das letras, da dedicação à descoberta da letra inicial e final das palavras, para a partir daí realizar-se a construção de unidades maiores.
Não estou abominando os textos ou as frases. Penso que o acesso aos mesmos é imprescindível. Mas de uma forma ou outra, como numa porção de contagotas, a criança terá que começar a desvendar um a um os símbolos para desvendar o enigma. Nunca vou esquecer-me do belo alfabeto árabe (ilustrado, claro) que nos foi disponibilizado para descobrirmos a grafia de palavras ou traduzirmos para o português. O cansaço e o pavor de alunos adultos da turma ( e o meu também), me fizeram compreender, pensar e me sentir literalmente como uma criança analfabeta.
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