sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


Penso que a Educação de Jovens e Adultos tenha a função reparadora de promover às pessoas que não tiveram acesso à escola na idade adequada, a oportunidade de estudar.

Vivemos sob o regime do capitalismo, onde o poderio financeiro dita as regras, a sobrevivência está pautada na capacidade de compra e as relações sociais estão baseadas nas relações profissionais. Cada vez mais as pessoas acumulam riquezas e poder, na mesma medida em que vão ascendendo na pirâmide funcional. Em contrapartida, milhares de pessoas tiveram de abrir mão da capacitação, abandonando as salas de aula, com o intuito de angariarem míseros salários que lhe garantissem as condições mínimas de vida. Mas os tempos já são outros, com a ascensão da tecnologia e o desejo de desenvolver o Brasil, a formação tornou-se necessidade de competitividade no cenário mundial e não há mais motivo para centralizar conhecimentos. Com a necessidade de qualificar o potencial produtor do país, surgiu o compromisso com a qualificação da mão-de-obra. Já não bastavam mais os atos mecânicos. A baixa formação passou a geras entraves na cadeia produtiva e o conhecimento passou a ser imprescindível. De fato, o trabalho abriu as portas para a universalização do ensino.

Com o intuito de universalizar o conhecimento, acabando com a centralidade e sob a bandeira de direitos e oportunidades iguais a todas as classes e faixas etárias, iniciaram-se projetos descontínuos e em sua maioria desastrosos de alfabetização, formando analfabetos funcionais, principalmente pela troca de partidos no governo e pela inexistência de oferta das demais séries na modalidade.

Hoje, após diversos ensaios, efetivamente estamos caminhando para a concretização dos objetivos a que esta modalidade se propõe. De fato, são desenvolvidas habilidades, é reconhecido o potencial do educando e oportunizada a troca de experiências, reconhecendo e valorizando os saberes de cada um.

Mas isso porque também avançamos nos debates acerca das metodologias e na formação dos educadores. Devido à defasagem e a condição de exclusão social destes alunos, muitos possuem a auto-estima baixa, desacreditam no seu potencial, não se reconhecem como importantes no cenário e sentem-se envergonhados, tendo certo receio de apresentar-se nas escolas. Considerando tudo isso, é fundamental que o educador de EJA tenha formação específica na área e um perfil diferenciado. É necessário que tenha a mente aberta, que proponha atividades diferenciadas, que promova a apropriação dos saberes e a cultura própria da comunidade onde estão inseridos, que respeite o educando, tendo o cuidado de não tratá-lo como uma criança adulta, mas reconhecendo-o como um adulto com limitações que necessita de motivação permanente para vencer as suas próprias barreiras e desbravar os caminhos do conhecimento.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação de Jovens e Adultos valorizam o trabalho como principal fonte do conhecimento do aluno da EJA, destacando a importância de o educador apropriar-se do contexto do mercado de trabalho e do funcionamento do mercado produtivo. Ressaltam a necessidade da flexibilidade curricular, através do aproveitamento das experiências e visões do educando, como fonte de elaboração e reelaboração de conhecimentos. Logo, reconhece o trabalho como a maior fonte de conhecimento dos alunos. Conhecimento que deve ser valorizado como ponto inicial para apropriar-se da realidade do educando. A valorização deste conhecimento resultará na auto-afirmação do aluno, na ampliação do leque de discussão e na positiva troca de informações na turma.

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